6 de Junho, domingo
O dia começa com a noticia da nossa foto, na animada sessão de ontem, publicada na segunda página do anglófono diário de Shanghai.
Mas é o Dia de Portugal na Expo, e mesmo que sem os carros que não poderão entrar no recinto, iremos nós, vestidos com o rigor possível de algumas peças de roupa passadas por água.
Somos convidados para participar em todos os eventos associados à comemoração, com direito a crachat pendurado ao pescoço com a mágica palavra que nestes dias abre quase todas as portas: VIP.
Marchámos sobre a passadeira vermelha que anunciava a cerimónia oficial do içar da bandeira, com o desplante e o orgulho vaidoso dos novatos nestas andanças. Quando o hino tocado pela impecável banda militar chinesa acaba e a sessão de discursos, já no pavilhão principal do recinto, abrilhantado por três fados da Mariza, termina, já nos achámos quase vedetas da festa, tal a simpatia, curiosidade e espanto com que muitos nos abordam.
Contámos e repetimos algumas das nossas peripécias a jornalistas, políticos, embaixadores, empresários ou simples portugueses anónimos, com a prosápia de quem goza o seu momento de glória.
A visita ao pavilhão de Portugal, hoje encerrado ao público , não dispensa uns acepipes bem lusitanos, como lusitana é a cortiça que reveste o edifício imaginado pelo arquitecto Carlos Couto, radicado em Macau.
É bom falar de novo português para além do universo limitado dos nossos últimos trinta e muitos dias.
O nosso ministro da Economia, Dr. Vieira da Silva e o vice-ministro da Economia chinês, bem como o acessível embaixador português que já conhecíamos, reforçam a ideia inebriante do estrelato, mesmo que fugaz.
Durante a tarde, por nossa conta, quisemos sentir o pulsar desta enorme disneylândia feita para os chineses (mais de 400.000 por dia) e dominado arquitectonicamente pelo seu vermelho pavilhão, qual enorme pagode, onde a Austrália, Espanha, Reino Unido e Arábia Saudita são estrelas menores.
As comparações com a nossa Expo98 são inevitáveis e as opiniões dividem-se, mesmo quando os autocarros que fazem os trajectos no interior do recinto, sobem em cada paragem o espigão que os há-de reabastecer electricamente para novos percursos. Também o tema do nosso pavilhão é “Uma praça para o mundo . Um mundo de energias”.
Sónia Tavares e os Amália Hoje põem os chineses ao rubro na Praça Europa, e após recepção e jantar no Pavilhão de Portugal, Mariza há-de fazer o mesmo no Auditório do Expocenter.
Só faltava a entrevista à SIC em pleno Bund shangaiense, já quase madrugada, para terminar o dia em cheio.